domingo, 23 de novembro de 2014

A ordem simbólica no século XXI
... já não é a mesma...O que dizer das enormes mudanças que ocorrem dia a dia no nosso cotidiano (ou quotidiano, como no português de Portugal)?.  Já não há como agarrar, segurar, fazer parar as surpresas, eventualmente, se não são agradáveis. É o nosso mundo.
A questão dos sexos, por exemplo, que, entretanto, já tinha sido trabalhada por Jacques Lacan no Seminário 20, Encore (Mais ainda) de 1972, vai se agudizar cerca de 30 anos depois
Nele Lacan vai abordar a questão das formas de gozo característicos de cada sexo, salientando a especial forma do gozo feminino. Mas, sobretudo, vai propor um grafo (o que me parece fundamental, ou genial) composto de um lado masculino e de um lado feminino, onde os sujeitos se podem inscrever independentemente da sua anatomia, para formar a sua identidade sexuada. Lembro que nesse mesmo momento, da parte dos anglo-saxões, surge a nomenclatura de gênero, que acentua o lugar das mesmas identidades sexuadas nos aspectos sócio-culturais.
 A aceitação dessas mudanças nem sempre é fácil. Vemos uma certa feminização social, para dar um exemplo, nas novelas brasileiras já sempre aparece no mínimo um par de personagens homossexuais e algum trans.
Mas as maiores mudanças ocorrem dia a dia surpreendendo-nos nas relações com os media. Lendo o filósofo Slavoj Zizek podemos constatar muitas formas de atuação bastante perigosas (pensando com a minha cabeça de século XX): todos os tipos de relações (sexuais ou não) pela internet. Aqui lembre-se "o amor líquido" de Zygmunt Bauman. Na obra Amor líquido o sociólogo polonês mostra exatamente a fragilidade das relações humanas que se tornam cada vez mais virtuais... Também virtuais têm sido todos os tipos de manifestações sociais, políticas, de protesto que se formam pelas redes sociais etc etc. Através do computador o privado se torna doentiamente púbico (penso eu) e o público se torna privado.
 Várias formas de acting out surpreendem-nos. Replicando o nosso teatrólogo Nelson Rodrigues, nem toda nudez será castigada... uma vez que essa tem sido um forma não esporádica de protestar, de atuar.
Sim, pensamos de forma diferente, atuamos como nos convém. Século XXI.






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